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Um tabu cai por terra: colostro para consumo humano será produzido.

Após 65 anos de proibição, produto ganha reconhecimento e visibilidade e deve ser industrializado.
Por: 
Portal DBO
11/04/2019

Quando a tecnologia social “Uso da Silagem de Colostro” venceu o Prêmio Fundação Banco do Brasil de Tecnologia Social, em 2007, a médica veterinária e pesquisadora da Emater/RS, Mara Helena Saalfeld, da cidade de Pelotas (RS) já indicava o uso da silagem de colostro como substituto ao leite na alimentação das bezerras leiteiras e mamíferos, mas percebeu que  ainda havia muito desperdício e preconceito quanto ao uso do produto in natura, o que já era utilizado no mundo todo, não só como alimento, mas na indústria de medicamentos e suplementos alimentares para atletas.O  Prêmio da Fundação BB impulsionou a idealizadora do método a prosseguir com o trabalho de pesquisa em torno do uso do colostro da vaca in natura também na alimentação humana. Em março de 2017, como resultado dos esforços da doutora Mara, a Presidência da República emitiu um decreto, eliminando o artigo que proibia o aproveitamento de colostro para fins de alimentação humana – uma proibição desde 1952, realizada durante o governo Vargas.

 

 

Saalfeld explica que em 1998, uma pesquisa já havia comprovado que o colostro – produzido pela vaca nos cinco primeiros dias após o parto – tem mais proteínas, minerais, gorduras e vitaminas do que o leite. O leite normal tem em média 3% de proteína, enquanto o colostro do dia do parto tem 14% de proteína. A médica explica que o colostro tem as mesmas propriedades do leite, como anticorpos e bactérias probióticas, só que em maiores quantidades. Ele era proibido no Brasil por uma questão técnica, devido ao processo de pasteurização, que exige temperaturas diferentes para o leite e para o colostro, e não pela questão nutricional. A doutora também afirma que antes do Prêmio, o colostro era considerado invisível para a pesquisa e ensino no Brasil e que após o projeto ser vencedor, tudo mudou. Com o prêmio de R$ 50 mil, a tecnologia pôde ser divulgada em todo o Brasil e no mundo. Além disso, a pesquisadora teve oportunidade de fazer o doutorado e participar de palestras em Portugal e na Alemanha. De lá pra cá, a prática começou a ser ensinada também nas universidades e usada em pesquisas. “O colostro é um alimento de excelente qualidade. Seu uso proporciona aos produtores uma boa lucratividade. Hoje encontramos no mercado iogurtes, queijos, ambrosias e bolachas feitos com o colostro. Agora estamos batalhando para industrializá-lo para o consumo humano, em pó”, disse.