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Trabalho no chão das fábricas espalha Covid-19 na indústria de carnes dos EUA.

Funcionários de unidades industriais adoecem e deixam empregos em meio ao caos. Canadá também vem sendo afetado
Por: 
Portal DBO
14/04/2020

No Colorado, EUA, quase um terço dos trabalhadores de uma fábrica de carne bovina da JBS USA, filial da gigante brasileira JBS, ficou em casa em meio a preocupações de segurança nas últimas duas semanas, pois um funcionário de 30 anos da unidade morreu após complicações do vírus, descreve reportagem da agência norte-americana Reuters. E, desde que uma fábrica de suínos da empresa canadense Olymel, em Quebec,  foi fechada em 29 de março, o número de trabalhadores que deram positivo para o coronavírus quintuplicou para mais de 50, segundo o sindicato local.

A instalação de Quebec e pelo menos outras dez na América do Norte fecharam ou reduziram temporariamente a produção nas últimas duas semanas por causa da pandemia, interrompendo as cadeias de suprimento de alimentos que lutaram para acompanhar o aumento da demanda nos supermercados, relata a Reuters.

De acordo com mais de uma dúzia de entrevistas com trabalhadores de fábricas nos EUA e no Canadá, líderes sindicais e analistas da indústria, a falta de equipamento de proteção e a natureza do trabalho “cotovelo a cotovelo” –  necessário para desossar galinhas, cortar bifes e presuntos – estão aumentando os riscos de contaminação dos funcionários e limitando a produção de alimentos.  Os Estados Unidos e o Canadá estão entre os maiores exportadores mundiais de carne bovina e suína.

 

JBS USA teve que reduzir a produção de carne bovina em uma grande fábrica em Greeley, Colorado, pois de 800 a 1.000 trabalhadores passaram a ficar em casa desde o final de março, disse Kim Cordova, presidente do sindicato local United Food and Commercial Workers (UFCW), que representa funcionários. “Não há pessoas suficientes”, disse Kim. Ela acrescentou que o sindicato sabia de pelo menos 50 casos e duas mortes entre funcionários até a última sexta-feira, de acordo com reportagem da Reuters. Saul Sanchez, um trabalhador da fábrica da JBS no Colorado, conhecido carinhosamente como “avô” entre alguns colegas de trabalho, deu positivo para o vírus e morreu em 7 de abril, aos 78 anos, de acordo com sua filha, Beatriz Rangel. “Estou com o coração partido porque meu pai era tão leal”, disse Rangel.

A JBS USA confirmou que um funcionário com três décadas de experiência morreu de complicações associadas ao COVID-19, sem nomear Sanchez. A empresa disse que ele não trabalhava desde 20 de março, no mesmo dia em que a JBS retirou pessoas com mais de 70 anos de suas instalações por precaução. Ele nunca foi sintomático enquanto trabalhava e nunca trabalhou na unidade quando estava doente, segundo a empresa. A JBS disse que estava trabalhando com os governos federal e estadual para obter testes para todos os funcionários da fábrica.