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Produção em queda e corrida aos supermercados explicam alta de mais de 20% no preço do leite, diz estudo.

Relatório faz parte de uma investigação do governo federal sobre possível aumento abusivo nos valores do produto.
Por: 
G1
07/05/2020

Um estudo feito pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da USP, mostrou que alta do leite, registrada no início da crise novo coronavírus, não apresentou características de aumento abusivo de preços.O estudo faz parte da investigação aberta pela Secretaria Nacional do Consumidor (Senacon), do Ministério da Justiça, contra laticínios.A ação foi motivada após reclamação da Associação Brasileira dos Supermercados (Abras) de que o valor do produto teria subido cerca de 30% em um curto espaço de tempo.

 

O relatório diz que a valorização pode ser explicada pela produção menor do alimento, em queda desde 2015, e a falta de estoque das indústrias para dar conta da corrida dos consumidores aos supermercados no início do período de isolamento social."Agentes do setor (laticínios) relatam que, durante a segunda quinzena de março, as vendas semanais do UHT (longa vida) foram até oito vezes maiores do que numa semana normal. Isso teria ocasionado uma baixa generalizada nos estoques, tanto das indústrias, como dos canais de distribuição", diz o estudo que o G1 teve acesso.Com a menor disponibilidade do produto, diz o Cepea, o preço médio do leite UHT (longa vida) registrou alta de 22,7% na segunda quinzena de março e de 24,8% no acumulado do mês.

 

O chefe da Senacon, Luciano Timm, disse que agora os supermercados e laticínios vão receber o estudo e deverão, em até 10 dias, dar sua resposta ao governo.Depois disso, a secretaria vai decidir se segue com o processo administrativo, que poderá gerar multas de até R$ 9,9 milhões por empresa, a depender do faturamento.“É um trabalho técnico baseado em evidências, que dá conta das mudanças estruturais no mercado do leite e explica um pouco do que aconteceu, deste ‘soluço’ do mercado”, explica Timm.Para o Ministério da Justiça, são considerados como preços abusivos os aumentos que não são justificados por alguns indicadores econômicos