Minerva reverte prejuízo no terceiro trimestre, mas produz menos carne por causa da Covid.
A Minerva Foods, maior exportadora de carne bovina da América do Sul, registrou lucro líquido de R$ 271,2 milhões no primeiro trimestre de 2020, revertendo o prejuízo de R$ 31,4 milhões registrado em igual período de 2019, informou a empresa, em comunicado. O EBITDA (lucro antes de juros, impostos, amortização e depreciação) registrou acréscimo de 16% para R$ 381,5 milhões. A margem EBITDA subiu para 9,2%.
No entanto, devido à pandemia do novo coronavírus, os abates da Minerva caíram 11,4% nos primeiros três meses deste ano, para 749,2 mil cabeças, na comparação com igual período do ano passado. Com isso, as vendas de carne bovina também recuaram no período – queda de 13,2%, para 254,5 mil toneladas, em relação à quantidade registrada no primeiro trimestre de 2019.
Além disso, o nível de utilização de capacidade instalada da companhia caiu para 71,2% no primeiro trimestre, comparado ao patamar de 75,5% verificado no mesmo período do ano passado.
Porém, apesar do menor volume de carne negociado ao mercado, a receita líquida da companhia subiu 11,8% no primeiro trimestre, para R$ 4,16 bilhões. Em declaração à agência Reuters, o CEO da Minerva, Edison Ticle, disse que o aumento de receita deve-se sobretudo à elevação nos preços médios da carne bovina. “O volume de vendas caiu, mas os preços subiram em cerca de 25% e mais do que compensaram essa queda de volume”, disse Ticle O executivo acrescentou que o cenário de falta de carne no mundo faz com que a demanda suba e o preço em dólar também avance. No Brasil, o preço em reais sobe ainda mais por causa do câmbio, disse.
Avanço das exportações
O presidente da Minerva Foods declarou ainda à Reuters que espera elevar ainda mais a participação das exportações ao longo do segundo trimestre de 2020, “devido ao cenário de alta demanda combinado à escassez de oferta de proteína”.
Segundo Ticle, com o fechamento de unidades nos Estados Unidos devido ao coronavírus, a empresa espera se beneficiar de vendas ao mercado norte-americano e também a países que tradicionalmente compravam carne no país da América do Norte. Considerando as operações no Brasil, Uruguai, Argentina, Paraguai e Colômbia, a exportação representa 68% dos negócios da Minerva e as vendas internas, 32%.
Ticle afirmou a Minerva já identificou um incremento na demanda dos EUA por carne bovina sul-americana em meio aos fechamentos de frigoríficos naquele país por causa de funcionários infectados pela Covid-19. Segundo o executivo, a companhia tem plantas no Brasil, Argentina e Uruguai habilitadas para vender aos norte-americanos.
Dentre os demais mercados compradores, Ticle destacou que a China voltou com força nas aquisições da proteína desde meados de março, após o controle parcial da crise do coronavírus no país. “Há também restrição na oferta de carne na Índia e na Austrália” que favorecem as exportações brasileiras. “Neste contexto, vamos assistir a demanda ainda maior para a exportação no segundo trimestre, aliada à oferta restrita de carne em importantes compradores”, projetou.
Controle do coronavírus
Em teleconferência com analistas na nesta quarta-feira, 29 de abril, o presidente da companhia, Fernando Galletti de Queiroz, disse que a empresa está preparada para lidar com casos de coronavírus que possam ocorrer entre seus funcionários.
“O coronavírus é uma realidade, é muito provável que vá haver colaboradores que vão ter a doença”, disse Queiroz, acrescentando que a empresa aplicou medidas para evitar a disseminação do coronavírus. No entanto, acrescentou o executivo, não é possível controlar o que acontece com os trabalhadores fora da empresa. Texto adaptado por Dênis Cardoso