Brasil tem históricos 35% da safra 2020/21 já comercializada e boas margens de lucro
A comercialização da safra 2020/21 de soja do Brasil já alcança os 35%. Sim, 35%. O índice é histórico e supera largamente a média histórica para abril, que é de cerca de 15%, como explica o consultor de mercado Vlamir Brandalizze, da Brandalizze Consulting. Como tradicionalmente acontece, quem lidera as vendas antecipadas é Mato Grosso, seguido por Mato Grosso do Sul e Goiás. Dados do Imea (Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária) mostram que somente no estado as vendas já são de 30,23%, com uma média de preços em R$ 79,16 por saca. Boa parte do combustível para vendas tão aceleradas no Brasil vieram, obviamente, da intensa valorização do dólar frente ao real. Há cerca de 20 dias, os preços da soja 2020/21 registravam patamares acima dos R$ 100,00 nos portos brasileiros, o que motivou bons e grandes negócios.
O fluxo continua, porém, com um ritmo um pouco mais lento neste momento diante de valores que oscilam entre R$ 99,00 e R$ 99,50 por saca nos terminais nacionais. "Para entrega em fevereiro e pagamento março há indicativos na casa de R$ 97,50, mas não há vendedores nesse nível", diz Brandalizze. O consultor explica ainda que até mesmo estados que vendem um pouco mais tarde estão com índices mais elevados de comercialização, como a Bahia, o Tocantins e o Piauí. E explica que isso se dá diante de "margens positivas em todos os estados produtores", diz.
Além do dólar - que voltou a operar acima de R$ 5,20 nesta semana e acumula uma alta considerável em todo o ano, como mostra o gráfico abaixo - o forte ritmo das vendas antecipadas veio ainda das boas relações de troca para os produtores brasileiros. E isso vale tanto para a safra nova, quanto se deu para a temporada 2019/20. "As relações de troca estiveram muito boas no ano passado e os produtores souberam aproveitá-las. E por isso já há, em abril, 80% da safra comercializada, contra uma média histórica para este mesmo período de 60%. E isso acontece neste ano também", diz Brandalizze. Entretanto, é importate que os produtores estejam atentos à suas operações, de modo que suas margens de lucro sejam mantidas. Afinal, apesar das boas relações de troca, o dólar alto trará custos de produção invariavelmente mais altos para a temporada 2020/21.O consultor orienta que as operações - de vendas futuras e compras de insumos - sejam sempre bem estruturadas e firmadas na mesma moeda. "E muito também está atrelada aos pacotes e campanhas feitos pelas cooperativas, revendas, e com este problema do coronavírus, muitas coisas estão paradas".