Boi gordo dispara em praças pecuárias relevantes.
As cotações da boiada gorda voltaram a subir de forma consistente nesta quarta-feira, relatam analistas da Informa Economics FNP. “O ambiente de oferta escassa de animais e o aperto nas escalas de abate dos frigoríficos têm promovido um descompasso entre a demanda e a disponibilidade de matéria prima, emplacando forte pressão altista sob a arroba”, destaca relatório da consultoria.
Em São Paulo, o boi gordo bateu 217/@, nas negociações a prazo, de acordo com a FNP. Nas praças do Mato Grosso do Sul, o animal terminado se aproximou de 210/@. Em algumas áreas do Norte do País, caminha para R$ 205/@.
Segundo a consultoria, além da escassez de lotes de boiadas prontas, os frigoríficos exportadores estão preocupados com os compromissos de entrega fechados com os países consumidores, sobretudo a China. “Os chineses seguem agressivos nas compras. As plantas habilitadas para exportação, além dos bons volumes embarcados, recebem margens atrativas pelas vendas ao país asiático”, ilustra a FNP.
Outros países situados no Oriente Médio e leste asiático também vem engrossado o fluxo das vendas externas da carne bovina do Brasil. Com isso, continua a consultoria, o desempenho brasileiro no cenário internacional tem dado sustentação para o mercado físico do boi gordo, mesmo diante de um consumo doméstico ainda enfraquecido, prejudicado pela pandemia da Covid-19 e consequente perda no poder aquisitivo da população.
No atacado, os preços dos principais cortes bovinos ficaram estáveis nesta quarta-feira, segundo a FNP. O consumo doméstico segue prejudicado pelo período de final do mês (quando o dinheiro de boa parte dos salários se esgota) e pela manutenção de diversas atividades comerciais fechadas, devido ao período de quarentena obrigatória contra o avanço do coronavírus.
No curto prazo, prevê a FNP, a cotação da carne bovina pode apresentar novas altas, sustentadas pela produção regulada nas indústrias e pelos grandes volumes exportados, que têm ajudado a enxugar a oferta do produto no mercado interno. Além disso, os preços das carnes concorrentes também acumularam altas nas últimas semanas.
Giro pelas praças
No Norte do Brasil, os preços do boi gordo subiram nesta quarta-feira em Rondônia, Tocantins e Pará. O volume de chuvas regular ao longo do ano, característico da região Norte, tem dado suporte para a estratégia de retenção de boiada nas fazendas, o que permite que pecuaristas especulem preços mais altos pelos animais terminados, alegando dificuldades em fazer a reposição dos rebanhos em função dos altos custos do gado magro.
Os frigoríficos da região Norte, por sua vez, pagam os preços mais caros sem tantos prejuízos em suas margens, já que a maior parte da carne produzida é vendida para o mercado externo, que tem remunerações atrativas por conta do câmbio, de acordo com dados levantados pela FNP.
Na Bahia, poucos negócios foram realizados, porém a valores mais firmes. A liquidez do mercado baiano avança de forma lenta e a maior parte das indústrias reduziu o número de abates diários, alegando instabilidade no escoamento dos cortes para o atacado, diz a FNP. A valorização da arroba, no entanto, tem suporte na baixa oferta de animais terminados.
Em Minas Gerais, as cotações também subiram nesta quarta-feira em função da dificuldade de compra de matéria prima.
No Mato Grosso do Sul e em São Paulo, a elevação dos preços oferecidos por parte dos frigoríficos exportadores promoveu um aparente ganho de liquidez no mercado do boi gordo.
Em Goiás e no Mato Grosso, diante da baixa disponibilidade de animais terminados, novas compras só conseguem ser efetivadas mediante elevação dos preços.