Frio deixa pecuarista descoberto e mais fraco para barganhar.
O clima seco começa a dar as caras em algumas regiões pecuárias do Brasil, afetando a qualidade das pastagens, informam as consultorias do setor. “Em algumas regiões, os pastos não têm mais matéria-verde suficiente para manter os animais”, relata nesta segunda-feira, 20 de abril, a Agrifatto, que prevê uma piora no quadro climático nas próximas semanas. “O clima seco que predomina em grande parte do Centro-Sul do País prejudica as pastagens, o que, no curtíssimo prazo, pode intensificar a pressão baixista nos preços do boi gordo”, prevê a Informa Economics FNP.
A expectativa de baixa no mercado de boi gordo pode ser reforçada pelo ritmo fraco de aquisições por parte dos frigoríficos, que atualmente compram apenas pequenos lotes de animais, temendo um acúmulo adicional de estoques de carne bovina nas câmaras frias, devido ao período de isolamento social ocasionado pela pandemia da Covid-19.
“As indústrias frigoríficas mantêm a estratégia de escalas encurtadas e pulando dias de abate; algumas unidades ainda estão fora de compras ou em férias coletivas”, destaca a Agrifatto.
Em São Paulo, as programações de abate encerraram a terceira semana de abril com 5,5 dias úteis, abaixo da média parcial anual (atualmente em 6,5 dias), de acordo levantamento da Agrifatto.
De acordo a Informa Economics FNP, a chegada da segunda quinzena do mês, período de menor poder de compra da população, tem contribuído para um consumo ainda menor de proteínas, o que motivou uma retração no preço dos cortes bovinos. No atacado de São Paulo, os preços do corte de traseiro e a vaca casada recuaram para, respectivamente, R$ 14,50/kg e R$ 12/kg, informa a FNP.
Giro pelas praças
Em São Paulo, o preço da boiada gorda se manteve inalterado nesta segunda-feira, a R$ 202/@, a prazo, segundo dados da FNP. “Muitos frigoríficos pesquisados registraram ponto facultativo no dia de hoje, em função do feriado desta terça-feira. Sem necessidade de aquisição de grandes lotes, poucos negócios foram efetivados”, informa a consultoria.
No Mato Grosso, muitas indústrias também se mantiveram fora das compras no dia de hoje, o que contribuiu para um fraco ritmo de negócios. No Mato Grosso do Sul, com receio das inconsistências no escoamento de carne para o mercado doméstico, a maior parte das plantas frigorificas ainda limita suas aquisições de matéria prima, emplacando, desde a semana passada, preços mais baixos na compra do boi gordo.
Em Minas Gerais, a arroba da boiada gorda também se desvalorizou. A redução nos índices pluviométricos prejudica a disponibilidade de massa verde nos pastos do Estado e os pecuaristas se mostram mais dispostos a liquidar o gado, relata a FNP. “Mesmo oferecendo valores mais baixos, os frigoríficos conseguiram estender as suas escalas até o final da próxima semana”, acrescenta a consultoria. Porém, a região do Triângulo Mineiro, tem registrado maior nível de chuvas. Lá, os preços do boi gordo se mantiveram lateralizados.
Em Rondônia, compras pontuais de animais terminados foram feitas nesta segunda-feira a preços mais baixos. “A fraca liquidez do mercado se deve a menor atuação das indústrias, que operam com abates reduzidos e escalas encurtadas”, avalia a FNP.