Covid-19 faz pecuarista soltar boi, temendo baixa da arroba.
Nesta segunda-feira, o preço do boi gordo registrou movimento de baixa em algumas das principais praças pecuárias – como em São Paulo e Mato Grosso do Sul -, repetindo a tendência da última semana.
As medidas de isolamento social para contenção da COVID-19 continuam impactando negativamente o consumo interno de carne bovina, o que contribui para o enfraquecimento nos preços das boiadas.
“O fechamento de escolas, bares, restaurantes, entre outros serviços, prejudica o consumo fora de casa, que é um fator estratégico para o setor, tendo enorme representatividade no escoamento dos frigoríficos”, afirma a Informa Economics FNP. Do lado da oferta, as incertezas de quando o período de quarentena terá fim geram forte preocupação entre os pecuaristas, que começam a temer desvalorizações ainda mais acentuadas no curto prazo, relata a FNP.
De maneira geral, com receio de maiores ajustes negativos, alguns produtores começam a liquidar os animais terminados, mesmo com os preços a patamares mais baixos. “Com a instabilidade da demanda, os frigoríficos devem limitar ainda mais as suas operações e, com os pastos já apresentando uma piora na qualidade, deve crescer a oferta de animais”, prevê a FNP.
No mercado doméstico, a entrada de massa salarial neste período de início do mês não teve impactos significativos na demanda por carne bovina e o ritmo de vendas segue abaixo dos padrões normais, acrescenta a consultoria.
Em plantas habilitadas para exportação, as adversidades no mercado interno são de certa forma compensadas pelas margens obtidas com embarques ao exterior. A desvalorização do real frente ao dólar tem favorecido os embarques das commodities brasileiras, incluindo a carne bovina.
No entanto, as indústrias que não têm plantas habilitadas para exportação estão sofrendo mais com os impactos negativos da queda na demanda interna de carne bovina. Em algumas regiões houve anúncio de paralisação dos abates, informa a FNP.
Neste contexto, os preços da boiada gorda registraram queda em algumas praças pecuárias do país. Na região Sudeste, os preços das praças de São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais tiveram ajustes negativos.
Nessas regiões, a diminuição do consumo de carne fora de casa em decorrência do fechamento de serviços de alimentação impede que as indústrias repassem seus custos para o preço dos cortes e, para manter suas margens, acabam oferecendo valores mais baixos na compra de gado, relata a consultoria.
No Mato Grosso do Sul, a arroba da boiada gorda se desvalorizou. “Com dificuldade de escoar carne, as plantas frigorificas limitam o fluxo de compras, favorecendo a queda nos preços”, diz a FNP.
No Tocantins e no Pará, a diminuição do volume de chuvas e, consequentemente, da disponibilidade de massa verde no pasto incentiva uma maior oferta de animais, o que contribuiu para ajustes negativos no valor da boiada gorda.
Na Bahia, a maior parte das indústrias se mantém fora do mercado e os poucos negócios efetivados com boi gordo foram feitos a preços mais baixos.