Celulares ganham espaço no campo e facilitam gestão

Com mais de 220 milhões de celulares ativos no Brasil, segundo dados da Anatel, as empresas de tecnologia agrícola têm voltado sua atenção para o mercado de aplicativos mobile no país. Soluções que até pouco tempo tinham sua aplicação restrita ao campo têm migrado das máquinas e implementos para a palma da mão do produtor. “A perspectiva é que, de fato, o dispositivo móvel vai estar cada vez mais presente no agro trazendo cada vez mais dados e cada vez mais conectado com operações e informações agronômicas”, reconhece Rois Nogueira, gerente de Soluções Integradas da John Deere. A empresa conta com 100% das suas máquinas em conexão com o celular do produtor, permitindo a ele alterar o rumo da produção mesmo à distância. “Muitas vezes, por diversas razões, o produtor pode não estar no campo mas ainda assim ter o controle total da operação dele”, reconhece o executivo. Na pecuária, a Toledo, no setor de pesagem de animais, tem investido na transmissão dos dados gerados pelas balanças diretamente para o celular. “Jogamos esses dados no celular para essa informação chegar mais rápido na mão de quem interessa. Foi o caminho mais rápido e mais acessível que encontramos para disponibilizar esses recursos”, observa Cristiano Rosa Machado, responsável pela área de soluções da empresa.

Na opinião de Machado, as soluções mobiles para o agricultor são uma “tendência de mercado” diante de uma “tecnologia consolidada”. “É uma migração natural. O produtor já tinha, na fazenda, as informações da balança que precisavam ser descarregadas via pendrive num computador e sempre com o celular na mão. O advento de uma série de aplicativos que dão essa facilidade de transmissão de dados levou naturalmente a Toledo a desenvolver também esse recurso”, reconhece Carlos Fonseca, gerente Regional da empresa. A Belgo, no setor de arames e cercas, também buscou desenvolver seu próprio aplicativo. O programa calcula o custo do projeto de acordo com as preferências do produtor e tem uso gratuito – mesmo que, no final das contas, o usuário opte por adotar outra marca. “O que eu estou fazendo é ajudar o produtor a tomar a melhor decisão. E se eu ajudo ele a tomar uma decisão eu entendo que ele vai me ver com mais valor e vai escolher melhor os nossos produtos”, destaca Guilherme Vianna, gerente de marketing da Belgo.

Para Samyra Baldassin, pesquisadora de serviços digitais da Basf, a tecnologia mobile tem atraído as empresas também pela facilidade que representam, seja pelo uso intuitivo desses aparelhos, seja pela sua portabilidade. “A ideia é facilitar para que o produtor tenha a mão uma ferramenta que o auxilie na tomada de decisão no dia a dia dele na fazenda”, explica Baldassin. A empresa adquiriu, em 2018, a plataforma xarvio, aplicativo que concentra três soluções básicas para o agricultor: reconhecimento de ervas daninhas, reconhecimento de doenças e contagem de insetos e percevejos em armadilhas (dispensando a contagem manual) “O celular virou uma ferramenta que sempre está na sua mão seja onde você estiver e o produtor rural também quer ter as informações na mão dele seja onde estiver. Por isso a gente desenvolveu um aplicativo de celular que concentre os relatórios de pesagem e que permite o compartilhamento desses dados via internet”, conclui Fonseca, da Toledo Balanças.