Para aumentar abates, Marfrig decide reabrir unidade em Paranaíba
A Marfrig Global Foods, segunda maior indústria de carne bovina do Brasil, decidiu reabrir o frigorífico que tem em Paranaíba, em Mato Grosso do Sul, apurou o Valor. Com capacidade para abater cerca de 700 cabeças de gado bovino por dia, a unidade deverá ser reaberta em cerca de 40 dias. Será a terceira fábrica reaberta este ano.
No início de julho, a Marfrig anunciou a reabertura dos frigoríficos que tem em Pirenópolis (GO) e Nova Xavantina (MT), além da ampliação dos abates em outras quatro unidades localizadas nos Estados de Goiás, Pará, Mato Grosso e Rondônia. Com isso, a empresa estimou no início do mês que sua capacidade de abate seria ampliada em cerca de 25% – sem considerar a retomada dos abates em Paranaíba, que ainda não foi anunciada.
Procurada, a empresa informou que está analisando a reabertura da unidade de Paranaíba. "A companhia reitera que trata-se de uma análise e, neste momento, não há confirmação sobre a reabertura da unidade".
Até outubro, a Marfrig poderá reabrir uma quarta unidade. A empresa negocia com o governo do Rio Grande do Sul a retomada da unidade de Alegrete, que tem capacidade para abater 700 bovinos por dia. Essa indústria foi fechada em 2016 pela companhia, mas há um acordo com a Justiça do Trabalho para retomar os abates até 31 de outubro. No caso de Alegrete, a Marfrig confirmou que "estão sendo analisadas as condições de mercado e realizadas reuniões entre executivos da companhia, associações e autoridades do Estado".
A ampliação dos abates da Marfrig ocorre no momento de inversão do ciclo da pecuária, com maior oferta de bois prontos para o abate. Em 2015, a situação da pecuária era inversa, com retenção de vacas para a produção de bezerros e preços em alta do boi. Nesse cenário, cerca de 50 frigoríficos paralisaram temporariamente os abates ou fecharam entre 2015 e 2016, conforme a consultoria Agrifatto.
A expansão deste ano também acontece em meio à crise vivida pela JBS, que reduziu os abates após a delação de seus controladores. Nas últimas semanas, porém, a JBS vem retomando o ritmo de abates, como o Valor já informou. Anteontem, a empresa anunciou a contratação de 145 funcionários para os frigoríficos de Goiânia, de Senador Canedo e de Mozarlândia, todos em Goiás.
Além da Marfrig e do movimento recente da própria JBS, a Minerva Foods também vem ampliando os abates, com a reabertura do frigorífico de Mirassol D’Oeste, em Mato Grosso. De modo geral, a forte queda do preço do boi gordo neste ano está favorecendo a rentabilidade do setor.
De acordo com levantamento da Agroconsult, a margem bruta dos frigoríficos do país está no maior nível desde 2007. Na parcial de julho, o indicador de margem bruta calculado pela consultoria atingiu 39,4%. Esse indicador considera a diferença entre o preço da carne desossada e o preço do boi gordo na média brasileira. Em geral, o animal é responsável por cerca de 80% dos custos de produção dos frigoríficos brasileiros.
Para Lygia Pimentel, diretora da Agrifatto, a oferta de gado é a principal explicação para a reabertura de frigoríficos. "Estão abrindo unidades em concordância com movimento normal de aumento de oferta de boi", afirmou a analista.