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Mercado pecuário entra em ritmo de feridão, mas com preços ainda fortes.

Valor do boi gordo se mantém na casa dos R$ 200/@, em São Paulo, mesmo com baixo consumo no mercado interno.
Por: 
Portal DBO
20/05/2020

Com o objetivo de aumentar o isolamento social na capital paulista, o prefeito da cidade, Bruno Covas, sancionou o decreto que antecipa os feriados municipais Corpus Christi (11/junho) e Consciência Negra (20/novembro) para esta quarta-feira (20/maio) e quinta (21/maio), respectivamente. O “feriadão” desestabilizou o mercado do boi gordo e deixou os participantes cautelosos sobre os próximos movimentos, segundo avaliação da consultoria Agrifatto.

Com isso, o comportamento das vendas de carne bovina no curtíssimo prazo, tanto no atacado quanto no varejo, é incerto. “Por se tratar da segunda quinzena do mês (período de menor poder aquisitivo da população), poucas expectativas já eram colocadas nestas datas”, acrescenta a consultoria.

Na terça-feira, 19 de maio, o indicador do boi gordo Cepea/Esalq (São Paulo, à vista) fechou a R$ 200,50/@, com valorização diária de quase 3% sobre o preço do dia anterior.

 

Vantagem para o dianteiro – O economista Yago Travagini, consultor da Agrifatto, chama a atenção para o processo de valorização do dianteiro bovino ao longo dos últimos meses. “O dianteiro já vinha surfando bem a onda da melhora dos preços pecuários apurada antes da crise da Covid-19. Agora, aproveita-se do momento como um bom custo/benefício para que o consumidor possa continuar adquirindo carne bovina e se estabelece como a proteína que está melhor performando durante a pandemia”, destaca Travagini.

O valor do corte do dianteiro registra alta de 1,3% na comparação mensal e avanço de 39% em relação ao preço registrado há um ano, de acordo com o analista. Além disso, continua ele, a diferença (spread) atual entre os preços praticados pelo traseiro e pelo dianteiro nunca foi tão pequena e nunca antes se afastou tanto da média histórica. “Chegamos à metade de maio/20 com o dianteiro valendo, em média, -16,26% que o traseiro, e caso o spread feche o mês nessa taxa, a menor diferença da história será registrada”, informa.

A justificativa mais plausível para este movimento, acredita  Travagini, seria a migração do consumo para proteínas mais baratas, já que a crise instaurada pela Covid-19 reduziu o poder de compra da população devido à menor renda da população e ao aumento da taxa de desemprego.

O analista da Agrifatto também compara o comportamento da carne bovina com o movimento de baixa registrado para as carnes suína e de frango, que já caíram 31% e 18% em 2020, respectivamente. Segundo ele, a diferença média histórica entre o dianteiro bovino e a carcaça suína é de 18,43%, mas em maio/20 esse spread ficou 5,5 vezes maior. Em relação ao frango congelado, o spread ficou 2,4 vezes maior, contra a diferença média de 86,05%. “O que tem segurado esse mercado de carne bovina tem nome: apetite chinês”, justifica Travagini.

A China ainda se sobressai na compra do dianteiro em detrimento do traseiro, o que ajuda a manter os preços da carne bovina firmes, complementa o consultor. “Com um crescimento de 39% no primeiro trimestre do ano, as exportações para a China deverão se manter sustentadas no longo-prazo”, prevê o analista, citando o sério problema de escassez interna de proteína ocasionado pela peste suína africana, que dizimou o rebanho de porcos do país asiático.